sexta-feira, 11 de março de 2011

MATERNIDADE DIVINA – A GRANDE DEUSA-MÃE


MATERNIDADE DIVINA – A GRANDE DEUSA-MÃE

Sendo a Trindade Suprema constituída por três pessoas, uma delas deveria ser necessariamente a “mãe”, uma vez que as outras duas são o Pai e o Filho.

No cristianismo gnóstico primitivo, a terceira pessoa (o Espírito Santo) era identificada com Sofia (ou sabedoria ativa), uma representação feminina.

Com a exclusão do princípio feminino da Trindade, o cristianismo se tornou uma das poucas religiões que negligenciaram o aspecto feminino da Divindade, embora o culto a Maria tenha sido introduzido apressadamente no início da idade média, porque a falta deste princípio estava levando muitos dos fiéis a retornarem aos cultos “pagãos” de Ísis, Hathor, Demeter, Ceres, Freya, Athena, Afrodite, Cibele Ártemis, Epona, Kwan Yin, Kali, Saraswati, Lakskmi e Parvati.
O arquétipo da Grande Mãe Universal, geradora e sustentadora da vida e consoladora dos aflitos está profundamente arraigado no inconsciente coletivo da humanidade.

Esse arquétipo pode ser substituído na forma superficial por outra imagem simbólica, como ocorreu na substituição do culto de Ísis pelo culto de Maria, mas, em essência, trata-se do mesmo princípio da maternidade universal, a grande-mãe levada a seu nível mais arquetípico e universalizado.

Por trás da estonteante profusão de deusas das religiões pré cristãs, pode-se perceber a presença do mesmo arquétipo: a deusa-mãe, que produz e sustenta as formas de vida. A deusa consoladora e nutriz a quem os fiéis dirigiam suas preces e oferendas nos momentos de aflição e sofrimento.
O protestantismo nega veementemente a validade do culto à Maria, porque o protestantismo nada mais é do que o judaísmo reciclado e cristianizado, mantendo, porém as atitudes básicas e valores do judaísmo tradicional, uma religião essencialmente masculina.

Além desse aspecto, o protestantismo é uma religião pouco afeta ao simbolismo, sendo fundamentada numa interpretação mais literalizada das escrituras.

Esquecem-se, porém, de que o judaísmo atual é produto da codificação dos levitas jeovitas. No judaísmo primitivo, o Deus El tinha uma consorte, Áshera. Também na Cabala existem personificações femininas das Sephitotes (esferas de emanação), a exemplo de Binah e Netzah.
O próprio texto do Gênese começa com uma frase simbólica e enigmática: “No início, o espírito de YHWH pairava sobre a face das águas”.

Essa é uma frase de uma profundidade e riqueza simbólica extraordinária. Seria grotesca a interpretação literal de se imaginar que o texto se refere a um homenzarrão pairando sobre um vasto oceano de águas revoltas.

A metáfora significa que antes de a manifestação se iniciar, havia dois princípios: o princípio de Vida/Consciência (O Espírito de Deus) e o princípio original da matéria (as águas) que estavam em estado revolto como um grande mar de matéria-raiz primordial, que formava o oceano do caos na aurora da manifestação.

Um taoísta experimentado perceberia nesses dois princípios o Iang e o Ying primordiais, princípios cósmicos impessoais expressos através de simbolismo, que é a única maneira de aludir a algo tão distante da experiência humana e tão além da compreensão humana, especialmente de povos primitivos da idade do bronze.

Essas “águas primordiais” sobre as quais pairava o Espírito de YHWH são a verdadeira Virgem Maria, capaz de gerar o universo como o filho de sua união com o sopro de IHWH.
Esse é o mistério maior, representado em escala menor pela imaculada concepção de Maria.
Em escala cósmica, Maria (ou a Grande mãe) é o grande mar, o útero cósmico de onde nasce o universo. Não é por acaso que as palavras mar e maria, assim como mater e matéria têm a mesma origem.

Em sua visão impessoal da origem do mundo através da interação dos princípios masculinos (Iang) e feminino (Ying), os taoístas correm menos riscos do que os ocidentais de confundir símbolos com realidades.

Eles sabem que, na realidade, não existe a dualidade entre Pai e Mãe, ou entre o “Espírito de Deus” e a “face das águas”. Ambos são aspectos diferenciados da mesma unidade, são diferentes polaridades do grande Tao.

Assim, resolve-se o problema da maternidade divina, sem necessidade de se criar dualidades ou de supor que existe “um deus” e “uma deusa”.

Fazendo-se uma analogia com a luz do sol, pode-se notar que a Luz do sol em si mesma corresponde ao “Pai”. A mesma luz, atuando como o princípio criador e nutridor das formas de vida, corresponde à mãe. Nessa analogia, o “Pai” representa o princípio fertilizador da luz. A “mãe” representa o princípio criador e nutridor das formas de vida. E o “filho” representa os seres criados, que, por sua vez, repetem o mesmo ciclo em seu ambiente de vida.

Neste momento de virada de século (e também de ciclo), nota-se uma saturação e esgotamento da forma de religiosidade predominantemente masculina oferecida pelo cristianismo eclesiástico. A humanidade anseia por novas sínteses integradoras, ao mesmo tempo em que as velhas formas reagem e se solidificam através do fundamentalismo.

Todavia, nada pode conter o movimento inexorável dos ciclos, e uma nova religião que reintegre Deus-Pai, Deus-Mãe e Deus-Filho irá reaproximar a humanidade e promover a renovação do mundo.

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Matéria do site:
http://www.sociedadeteosofica.org.br/bhagavad/site/livro/cap38.htm

segunda-feira, 7 de março de 2011

Perspectivas da BRUXARIA Ancestral para 2012

Perspectivas da BRUXARIA Ancestral para 2012

Há três posicionamentos padrão diante das previsões para 2012: 1) considerar que nada acontecerá; 2) considerar que ocorrerá alguma catástrofe global; 3) considerar que nascerá uma nova consciência que mudará o mundo para melhor.

A BRUXARIA ancestral tem como princípio que tudo que existe no universo segue um fluxo que compõe parte do que chamamos de a Dança da Deusa, conceito a grosso modo semelhante ao princípio hermético do ciclo (tudo é cíclico). Sendo assim, aceitamos não só que a civilização como a conhecemos um dia sucumbirá para dar espaço a uma outra forma de civilização, mas também que acidentes de proporções globais que já aconteceram diversas vezes no planeta Terra, alterando sua face, e que são plenamente capazes de destruir as bases desta atual civilização, tornarão a acontecer um dia, e novamente e novamente.

Argumentar que o número de vítimas ou os prejuízos financeiros de catástrofes climáticas recentes só são tão grandes porque o mundo de hoje é muito mais rico e populoso que o de antigamente é infrutífero. O fato é que ao mesmo tempo em que o desequilíbrio climático aumenta, contingentes humanos cada vez maiores se encontram vulneráveis a enchentes, furacões, insolação, secas, incêndios, tsunamis e outros eventos naturais. O mesmo acontece com a tecnologia que nos permite ir muito além dos limites de produção anteriores ao século XX. Com o uso generalizado de eletricidade, componentes eletroeletrônicos, recursos computacionais e tecnologia de informação por satélite, nunca os equipamentos utilizados pelos humanos foram tão vulneráveis a fenômenos naturais e nunca o ser humano foi tão dependente de tecnologia quanto é hoje, tanto individual quanto globalmente. Ainda podemos constatar a fragilidade da economia globalizada, pela interdependência de mercados produtores e consumidores para manutenção do equilíbrio.

Por fim, para citar dois eventos catastróficos ainda não mencionados neste artigo, uma explosão de supervulcão, que cedo ou tarde ocorrerá, pois faz parte da história da Terra, ou a queda de fragmentos de cometa como a que recentemente ocorreu no planeta Júpiter, outro evento nada raro quando contabilizado em eras geológicas, onde quer que ocorressem na face do planeta seriam o bastante para levantar à atmosfera uma nuvem de aerossóis e poeira que destruiria todas as safras a céu aberto do mundo por meses. O ser humano poderia sobreviver a isso, mas a civilização humana não.

Ora, temos o desequilíbrio ambiental como um fato, o que por si só é preocupante, mas aliado a isso temos a civilização dependente de tecnologias como os computadores, energia elétrica e eletroeletrônicos em geral, que podem ser mundialmente atingidas por um vento solar como o de setembro de 1859, capaz de destruir quase totalmente a capacidade produtiva dos países industrializados quiçá até os registros bancários!
E numa noite de céu iluminado por luzes feéricas todos contarão com pouco mais que suas moradias, seus braços e pernas para subsistir. Quantos conseguirão? Quantos entrarão em pânico e se tornarão violentos? Em 2012 acontecerá algo assim?

Isso ninguém pode garantir, mas todos percebemos que estamos nos aproximando em velocidade exponencialmente crescente de uma situação limite, tanto de sustentabilidade climática/ambiental quanto de possibilidades de produção e consumo. Refiro-me ao fato de que as projeções de crescimento econômico parecem ignorar que, ao contrário do que seria de se esperar, o ganho de produtividade propiciado pela tecnologia não reverte em liberação da mão-de-obra para tarefas filosoficamente mais elevadas ou gratificantes, mas em mera acumulação de capital que por sua vez torna necessário um novo aumento da produção. E a roldão da tecnologia o ser humano é forçado a produzir cada vez mais, ou seja, a comprimir em sua jornada de trabalho uma produção cada vez maior. Na outra ponta, o lançamento de novos produtos e a atualização tecnológica dos já existentes incrementa a necessidade de consumo. É hora de lembrar que todo império que não conhece limites acaba ruindo em função de seu próprio agigantamento.

Em suma, nos parece haver diversas forças e eventos que se combinam para dar um término a esta era de materialismo. O surgimento da física quântica, o resgate do PAGANISMO , a difusão do acesso às terapias alternativas são alguns dos elementos que fermentam o surgimento de uma nova civilização; o desequilíbrio climático, o esgotamento da capacidade produtiva da mão-de-obra e a incapacidade dos governos de desempenhar seu papel, fato evidenciado na terceirização dos serviços de saúde, manutenção de estradas, ensino e segurança privada, dentre outros, são catalizadores do esfacelamento desta civilização.

Alteração radical de condições ambientais em diversas partes do mundo, mega tsunamis em áreas densamente povoadas, explosão de supervulcão, queda de algum grande meteorito, mega vento solar atingindo a Terra, ninguém contesta que um destes eventos ocorrerá. E basta fazer um pequeno esforço de imaginação para concluir que a civilização atual não seria capaz sobreviver a qualquer deles.

Por fim, podemos inverter um pouco a lógica e nos perguntar: se já vivemos uma crise ambiental global, se a civilização atual está ruindo sob a ditadura do capital (damos nossas vidas pelo dinheiro), se novas formas de perceber o universo estão se alastrando tanto entre os religiosos quanto entre os cientistas, por que dezembro de 2012 não seria uma data aceitável para uma virada?

Como se vê, não se trata nem mesmo de uma profecia, afinal ela não prevê desastres. Se o ser humano chegou a propor que o fim do Calendário Maia é o fim do mundo é porque ele percebe que existe muita coisa fora do lugar, que a civilização se transformou num castelo de cartas, e que o menor vento que o atinja o fará em mil pedaços. A segunda e a terceira propostas são conciliáveis: ocorrerá alguma catástrofe global e em meio à crise que gerará muito sofrimento, uma nova consciência começará a se espalhar, encerrando a grande era do materialismo. A primeira proposta é um resguardo: pode até não acontecer em 2012, mas é bem razoável inferir que não iremos muito além.


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Fonte:
http://www.oldreligion.com.br/

sábado, 5 de março de 2011

Evolução

Muito se fala, quando o assunto é Wicca ou Paganismo, sobre a Deusa e o que ela representa. Como sempre, e ainda bem, muitas são as explicações possíveis - é a força criadora por trás de toda a criação; é a guia que conduz os destinos do universo e da humanidade; é a natureza que nos permite viver. Mas o que é, afinal, a Deusa?

Basicamente, tudo isso e muito mais. A Deusa, certamente, é a responsável por todas as formas de vida existentes em nossa e outras dimensões. Mas não se limita a isso. Quando um Pagão Celta fala da Deusa, ele deve ter ciência de que está em contato com uma poderosa força de criação e vida, mas toda criação pressupõe destruição, assim como toda vida pressupõe uma morte. O conceito de bem e mal é praticamente desconhecido à Deusa - basta que analisemos os processos naturais que fazem parte da Natureza. Querem um exemplo? Ao assistirmos um desses magníficos documentários sobre a vida selvagem, vemos retratada a vida, por exemplo, das gazelas. Somos expostos à sofrida rotina desses animais que devem migrar quilômetros pelas savanas, em busca de água e alimento, enfrentando perigosas travessias de rios, desfiladeiros abruptos e temíveis predadores. Um desses predadores é o leão, que em determinada parte do documentário surge caçando uma gazela mais velha e, portanto já menos ágil. é um combate desigual, envolvendo normalmente um grupo de leoas que cercam a gazela e sobre ela se lançam com sua ferocidade conhecida, por vezes destroçando a pobre presa antes mesmo que esta esteja inconsciente. Ficamos então com pena da gazela, e com uma certa raiva dos leões. Na semana seguinte, o mesmo canal apresenta outro episódio da série de documentários, desta vez enfocando a vida de um grupo de leões. Ficamos fascinados com a organização do grupo, o poder de liderança do macho dominante, a estratégia de caça precisa das fêmeas, e acompanhamos o drama de uma mamãe leoa sem alimento para dar a seus dois jovens filhotes. Há já alguns dias que o bando não come, e alguns membros do grupo já apresentam sintomas de desnutrição. A situação é preocupante quando surge um bando de gazelas estúpidas, que atravessam o caminho de nossos amigos leões. Segue-se então a cena da caça e nos maravilhamos com a capacidade de superação dos felinos que, enfim, acabam por conseguir o alimento de que tanto precisavam. Vemos o pequeno filhote deitar-se ao lado de sua mãe, com a fome saciada, e sua existência garantida, e respiramos aliviados.

Como somos incoerentes, em nossa busca por coerência! Nós, humanos "racionais," determinamos que a morte é um processo negativo, uma ofensa à vida. Mas a vida é a própria morte, e vice-versa. Não há bem ou mal na natureza. Não há maldade no ato dos leões. O "vilão" do primeiro documentário é o "herói" do segundo, pois ambos os protagonistas respeitam a natureza e nela estão inseridos. A morte é apenas um estágio no eterno espiralar dos ciclos de vida, morte e renascimento. Todas as criaturas devem fenecer. Nada é eterno, a não ser a própria Deusa.

As Tríades dos Druidas de Gales ensinam que todo ser deve buscar a evolução rumo à perfeição. Toda bondade advém da Deusa, e portanto nossa busca pela perfeição nos leva ao encontro da Deusa. Admitamos que um ser altamente evoluído esteja a um passo do conhecimento total, da sabedoria absoluta que caracteriza a Deusa. Ao cumprir esse passo que o separa da Divindade Absoluta, o que ocorre? Esse ser iguala-se em conhecimento e sabedoria à Deusa. Teríamos assim dois seres absolutamente perfeitos, certo? Errado. O momento em que um ser atinge um tamanho estado de evolução, comparado apenas ao da Deusa Mãe, ao invés de assinalar o surgimento de outro Ser Supremo, outra Deusa, por assim dizer, indica que este ser voltou ao ventre da Deusa. Isto porque ela, a Força Criadora, é única em seu conhecimento e sabedoria. Sendo perfeita em todos os níveis, ela está por todo o universo, em todas as criaturas. Afinal, ela é o próprio universo. E, uma vez que a Deusa está em tudo e em todos, nenhum outro ser pode também, concomitantemente, estar em tudo e em todos. Um ser teoricamente evoluído ao ponto de poder se equiparar à Deusa em sabedoria e poder de criação acaba por se fundir novamente à força que o originou: une-se novamente à própria Deusa, para poder retomar seu caminho evolutivo, numa infinita espiral.

A evolução, portanto, é o objetivo de nossa busca contínua pela perfeição. Devemos, contudo, ter algo muito claro em nossa mente: JAMAIS, em momento algum da existência de qualquer ser, haverá um momento em que possamos dizer: "agora eu já sei tudo, agora encontrei a verdade, agora sou perfeito." A sucessão de vidas que caracteriza nossa existência é um eterno e inesgotável aprendizado.

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Retirado do site:
http://www.circulosagrado.com/
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sexta-feira, 4 de março de 2011

CERRIDWEN



A deusa Cerridwen era a grande Anciã de Gales. Era associada à Lua, ao caldeirão mágico e aos grãos. Todos os verdadeiros bardos celtas dizem ter dela nascido; de fato, os bardos galeses, como um todo, se auto-denominavam Cerddorion (os filhos de Cerridwen).


Diz-se que beber de seu caldeirão mágico confere a maior inspiração e talento a poetas e músicos. A jornada ao caldeirão era parte da iniciação de um bardo, uma jornada perigosa, como pode ser visto na lenda de Taliesin.

A Lenda de Taliesin

Taliesin inicia sua vida como Gwion Bach. Ainda jovem, ele vagava pelo norte de Gales quando subitamente se viu no fundo do Lago Bala, onde viviam o gigante Tegid e sua esposa Cerridwen.

A Deusa possuía dois filhos, um garoto e uma garota. A garota era muito bela, mas o garoto era horrível. Então Cerridwen estava preparando em seu caldeirão uma poção para que seu filho fosse muito sábio. Ela pediu a Gwion que a ajudasse mexendo o caldeirão que continha a poção.

Ele mexeu durante um ano e um dia até que só restassem três gotas, que pularam para o seu dedo. Instintivamente, ele levou o dedo queimado pelas gotas ferventes à boca e percebeu na hora todo o poder terrível de Cerridwen. Ele então fugiu do lago em terror.

Furiosa, Cerridwen saiu em sua busca. Tentando escapar da Deusa, Gwion se transformou várias vezes, assumindo diversas formas. Cerridwen o seguia, também ela se metamorfoseando, até finalmente devorá-lo quando este assumira a forma de um grão de milho. Nove meses depois ela deu à luz um menino, o qual lançou ao mar num barquinho.

Elphin, filho de um rico proprietário de terras, salvou o bebê e lhe deu o nome de Taliesin (semblante radiante). A criança reteve todo o seu conhecimento e sabedoria adquiridos pela poção e cresceu para tornar-se um talentoso e importante bardo.

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Créditos:

Imagem:
http://www.epilogue.net/cgi/database/art/view.pl?id=79359

Texto:
http://bruxaria.net/2004/07/01/cerridwen/